terça-feira, 12 de junho de 2012

Paixão é droga


depois


 De todos os entorpecentes que se tem notícia, a paixão é o único que além de completamente lícito (na maioria dos países) é ainda exaltado e incansavelmente incentivado como sinônimo de felicidade. Não é! Como qualquer droga ela chega trazendo momentos de euforia, de alegria e com o tempo pode causar algumas das mais terríveis dependências levando alguns "usuários" a não suportar a sua falta.

 A paixão dói. Dói porque machuca e machuca porque consome. Mas a dor inspira! Inspira na insatisfação que ela nos coloca enquanto apaixonados – e jamais completados – gerando a criatividade responsável pelas mais maravilhosas demonstrações de amor que conhecemos. O que seria da poesia, da música, da literatura e do cinema sem a paixão? As maiores obras de arte foram feitas por usuários pesados de paixão. Eles sabiam que a dor é algo indissociável a quem decide protagonizar sua própria história e por isso tiveram vidas destemidas, plenas.

 Será que é melhor viver sofrendo do que nunca ter se apaixonado? Conheço todo tipo de história: pessoas que já se foram por causa desse vício, pessoas que não conseguem mais viver longe dessa droga e outras que conseguiram se "desintoxicar", têm arrepios de lembrar o passado, mas vivem um presente sem inspiração. Tem também os totalmente caretas que nem nunca "fizeram uso" de um pouquinho de paixão e agora não sabem diferenciar Jobim de "Parabéns pra você". Isso com certeza não é felicidade!

 Será que mesmo com todos os efeitos colaterais devastadores, a melhor maneira de se viver é apaixonado? Porque ninguém quer passar a vida apenas lendo, ouvindo e assistindo as paixões dos outros. E aos que preferem nem correr o risco de se viciarem, que me desculpem, mas não sei por que ainda ocupam espaço nesse mundo.

 Talvez o melhor da vida não seja a felicidade. Talvez o melhor da vida seja só a inspiração que advém da saudade.

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